Desde o século XV, a Língua Portuguesa ultrapassou as fronteiras da Península Ibérica, acompanhando as caravelas lusitanas na aventura das grandes navegações…
Hoje é uma língua culta de dimensão internacional e intercontinental falada nos cinco continentes e – como havia predestinado Fernando Pessoa – é uma das poucas línguas potencialmente universais do século XXI.
A língua portuguesa, a nível internacional, é um elo de ligação entre países que, tendo a língua como património comum, a podem potenciar através de uma acção conjunta e assumida da lusofonia.
Ser sensível a essa diversidade cultural, valorizando a diferença, é trazer para dentro da escola a actualidade, a inspiração e a fonte mais genuína e legítima das reformas educativas que há-de mudar a escola e a sociedade no futuro.
Professora Rosa Ferreira
Horizonte, in mensagem
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.
Fernando Pessoa
Yaka
O mar tem sido seu mais constante interlocutor desde a meninice, quando seu pai português e sua mãe angolana o traziam à praia. Era ali, diante da imensidão nem sempre azul dos dias de calema que ele compreendia de fato as histórias de tradição kwanyama e nyaneka que os empregados da casa lhe contavam, o que o fazia pensar a diversidade de tradições - tão grandes como o mar - que compunha seu país e o tornavam ao mesmo tempo tão diferente e singular.
- Pepetela - Escritor Angolano
Capitães de Areia
Sob a lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem. Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche as ondas ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua. Desta ponte saíram inúmeros veleiros carregados, alguns eram enormes e pintados de estranhas cores, para a aventura das travessias marítimas. (…)
- Jorge Amado - Escritor brasileiro
O Útero da Casa (pág. 59)
Quando à casa regressar
A pátria sombra fugitiva
Da trouxa dos dias guardarei ainda
O murmúrio das preces e a vigília
A obstinada memória das águas eternas.
- Conceição Lima - Escritora são-tomense
In O Poema, a Viagem, o Sonho
Em ti há um marinheiro demandando uma ilha onde ninguém ainda esteve. Também em ti encontrarás o mapa, a bússola e o navio. Há coisas a que não deves atribuir nomes. A tua ilha não tem nome.
- Arménio Vieira – Escritor cabo-verdiano